O mundo VUCA da geração millennial está cheio de desafios e só uma mudança incrível de atitude irá permitir que jovem participe das transformações.
Não faz muito tempo que o termo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) foi incorporado no vocabulário corporativo, mesmo tendo surgido na década de 90 no ambiente militar – O U.S. Army War College utilizou esse conceito para explicar o mundo pós-Guerra Fria.
O conceito se aplica com muita facilidade quando se busca explicar o momento atual de transformações intensas e absolutamente disruptivas, que trazem desafios pessoais enormes, justamente por romper completamente os padrões tidos como corretos até há pouco tempo. Nesse contexto, é esperado que os jovens estejam aflitos por estabelecer suas expectativas, com o objetivo de influenciar essas transformações de acordo com seus interesses.
No entanto, ele também se aplica perfeitamente ao ambiente de negócios atual, o que gera novos desafios tanto para os profissionais quanto para as organizações.
O principal impacto para as empresas é a dificuldade de ter previsibilidade nos planejamentos. É interessante observar que o próprio conceito de estratégia nas empresas também foi inspirado na abordagem militar. A diferença agora é que mais prudente que projetar cenários de longo prazo é ter agilidade na capacidade de resposta às demandas do ambiente.
Observando a sociedade nos últimos 100 anos, percebemos que esse posicionamento dos jovens é absolutamente natural, afinal, as novas gerações sempre foram as principais protagonistas das mudanças. Contudo, algo diferente acontece atualmente.
Podemos observar, com relativa facilidade, uma ambiguidade nas atitudes dos jovens.
Oscilando como um pêndulo, jovem parte de uma indiferença silenciosa e até passiva diante de tantos desafios, até emergir em furiosas críticas nas redes sociais, explodindo toda indignação por não ver atendidas, suas expectativas. Tudo emoldurado na crescente manifestação de ansiedade crônica, que longe de ser a grande impulsionadora de atitudes – e que dessa forma, serviu muito bem às gerações mais veteranas – passou a ser um agente paralisante, impedindo, até agora, que a geração millennials seja a grande protagonista do mundo VUCA.
Depois que a internet proporcionou um amplo e formidável acesso às informações, temos observado que os mais jovens ganharam “superpoderes” ao ter a possibilidade de saber tudo sobre qualquer coisa, ter capacidade de comunicação global e a capacidade de relacionamentos ilimitados. Só que por enquanto, poucos estão conseguindo fazer uso de tudo isso de forma positiva.
Uma grande parte dos jovens, principalmente aqueles que usufruem de uma boa infraestrutura pessoal, tem adotado uma postura arrogante, negligente e omissa diante da realidade. Apesar de possuírem absurdo acesso às informações, desprezam todo e qualquer aprofundamento, contentando-se apenas com a superficialidade dos dados. Mesmo recebendo uma educação seletiva e consciente, são capazes de negligenciar sua inteligência para soluções dos desafios. Preferem adotar uma postura de espectador crítico, capaz de apresentar todas as soluções que deveriam ser adotadas, mas mantém-se absolutamente omisso da responsabilidade de tentar implementar qualquer uma das soluções que propõe.
Esse comportamento apenas enfraquece o jovem e mantém a pressão sobre as gerações mais veteranas que, com a ampliação da expectativa de vida, aproveitam para manter-se na ativa, pois relutam em mudar seu papel de grandes executores para novos mentores, e assim continuam pressionadas a sustentar toda infraestrutura da atualidade, enquanto os mais jovens, imaturamente, ainda sustentam a falsa pose de segurança e “felicidade” nas redes sociais, que na verdade é apenas um grande vácuo onde se declara um monte de intenções.
Certamente você já percebeu de forma tácita os efeitos desse chamado Mundo VUCA. Basta acompanhar os principais acontecimentos do mundo pelas redes sociais para ter a sensação de que “algo está fora da ordem”, “fora de controle”. Para quem gosta de segurança e estabilidade é um desafio a mais lidar com as características abaixo:
Não podemos esquecer que:
O mundo é VOLÁTIL (volatility). Não há espaço para quem assiste como crítico ao invés de fazer algo com essa volatilidade. A natureza volúvel e dinâmica das mudanças, assim como a velocidade inconstante representam desafios e oportunidades que somente quem compreende isso tem melhores chances de enfrentar. O volume das mudanças e a agilidade com a qual elas têm ocorrido tornam muito difícil prever cenários como era feito tempos atrás. Estar pronto para lidar com o inesperado é mais importante que investir tempo em planejamentos muito detalhados. Ter clareza do propósito e dos resultados esperados como direcionadores é uma forma mais eficaz de lidar com as mudanças atualmente, pois não existe mais um caminho estruturado para alcançar os objetivos;
O mundo é INCERTO (uncertainty). Não há como sustentar uma atitude com muitas certezas, principalmente quando se está diante de informações superficiais ou de suposições. Melhor é perceber que deve se preparar para saber como lidar com incertezas. Nada mais é previsível, padrões de sucesso do passado são destruídos em poucos instantes diante de novas abordagens. Ter certezas irrevogáveis na mente só impede a percepção da nova realidade. Apesar da grande disponibilidade de informações atualmente, elas não necessariamente são úteis para compreender o futuro. Mudanças disruptivas pressupõem novos paradigmas. As soluções de hoje em geral não serão aplicáveis aos problemas do futuro. Mesmo que consigamos compreender as relações de causa e efeito de uma mudança, suas consequências são imprevisíveis.
O mundo é COMPLEXO (complexity). Não há cenário que permita apenas declarar intenções ao invés fazer algo, correndo o risco até de falhar. Dizer o que os outros deveriam fazer quando poderia simplesmente fazer é algo que não se sustenta mais, por isso devemos usar os nossos talentos para simplificar a complexidade e usufruir disso. A conectividade e a interdependência são fatores que ampliam a complexidade. Os modelos tradicionais de gestão de riscos e tomada de decisão não são suficientes para lidar com o número de variáveis desses contextos interconectados. Não é possível prever os resultados de ações isoladas, pois elas fazem parte de um sistema complexo.
O mundo é AMBÍGUO (ambiguity). Não há como deixar ignorar as novas formas de ver as coisas. A realidade agora é mais turva, com a transformação intensa dos significados diante de novas circunstâncias. Não há mais soluções ou respostas precisas e específicas, por isso é vital fazer uma escolha e absorver as consequências. Decidir em um contexto ambíguo é primordialmente um incrível ato de coragem. Lembre-se todo aprendizado vem das atitudes e realizações, por isso, é importante estar aberto a cometer erros. Existem muitas formas de interpretar e analisar os contextos complexos. A ambiguidade é essa falta de clareza e concretude. Os impactos de uma transformação disruptiva não podem ser analisados com base no histórico e em experiências anteriores, pois é um novo cenário. Isso dá margem a múltiplas interpretações igualmente pertinentes.
O mundo VUCA da geração millennial está cheio de desafios e só uma mudança incrível de atitude irá permitir ao jovem, participar plenamente das transformações que atendam suas expectativas.
QUE COMPETÊNCIAS SÃO NECESSÁRIAS PARA PROSPERAR NO MUNDO VUCA?
Para se destacarem num ambiente de negócios volátil, incerto, complexo e ambíguo indivíduos, equipes e organizações precisam aprimorar algumas habilidades. Não são competências novas, mas certamente serão cada vez mais importantes para lidar com os desafios do novo mundo.
RESILIÊNCIA PARA LIDAR COM A VOLATILIDADE
Se as mudanças são inevitáveis é preciso resiliência para lidar com elas. A capacidade de manter-se íntegro após uma brusca transformação e ainda ter fôlego para se adaptar ao novo cenário (e lidar com uma nova mudança a seguir) não é uma habilidade natural para todos. No entanto, ser resiliente não é uma opção num mundo volátil. Para desenvolver a resiliência é preciso reforçar a autoestima e manter uma perspectiva positiva diante dos acontecimentos.
FLEXIBILIDADE PARA LIDAR COM A INCERTEZA
Assim como o sociólogo Zygmunt Bauman afirmou que na pós-modernidade “as relações escorrem pelo vão dos dedos”, podemos dizer o mesmo sobre nossas certezas. O futuro é líquido. A flexibilidade é uma competência essencial para a adaptação constante a cenários imprevisíveis. O primeiro passo para ser mais flexível é buscar a aceitação e compreender que existem muitas formas de resolver o mesmo problema.
MULTIDISCIPLINARIEDADE PARA LIDAR COM A COMPLEXIDADE
Em contextos complexos, quanto mais ampla a visão, maior a probabilidade de encontrar soluções eficazes. Neste sentido, é fundamental nos desafiarmos a estudar diferentes assuntos, de áreas de conhecimento distintas. Equipes multidisciplinares são mais propensas a obter sucesso no mundo VUCA. O desafio é aprender a lidar com as diferenças.
CORAGEM PARA LIDAR COM A AMBIGUIDADE
Se não há respostas e explicações precisas e específicas, é preciso escolher uma linha de raciocínio e arcar com as consequências. Tomar decisões num contexto ambíguo é um ato de coragem e, por que não, de fé. O aprendizado vem da ação e, por isso, é importante estar aberto a cometer erros.
COMO AS ORGANIZAÇÕES PODEM SE PREPARAR PARA O CONTEXTO VUCA?
No âmbito organizacional, o caminho é criar um ambiente favorável ao compartilhamento e a criação de novos conhecimentos, bem como ao aprendizado coletivo. Ter um propósito e um direcionamento claro sobre os resultados esperados é essencial para integrar e motivar a equipe. Além disso, é essencial o desenvolvimento contínuo dos profissionais e a criação de processos integrados, que possibilitem ao máximo a formação de uma cultura organizacional dinâmica, colaborativa e voltada a resultados.
De acordo com o General Stanley McChrystal no livro “Team of Teams”, eles criaram um time de times, conectado por meio de uma consciência compartilhada e execução empoderada. Estes são princípios da gestão do conhecimento, que também surgiu na década de 90 e que, desde então, tem sido aplicada por organizações no mundo todo gerando resultados com base em ativos intangíveis.
A formação contínua e a procura de flexibilidade dos indivíduos e organizações é o que nosso século XXI exige. Os princípios da gestão do conhecimento e criação de processos colaborativos são importantes e estratégicos para vivermos.
Utilizado as fontes:
O Mundo VUCA da Geração Millennials CARREIRA - VOCÊ S/A Por Sidnei Oliveira - Publicado em 30 dez 2017, 21h41
MUNDO VUCA: O QUE É E COMO SE PREPARAR 9 Janeiro, 2018 Fonte: www.redeindigo.com.br
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